quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Vítimas de acidente com van foram sepultadas em Betânia, no Sertão

Oito foram sepultadas no cemitério do distrito de São Caetano do Navio.
Dois corpos foram velados na zona rural e enterrados no distrito sede.

Oito corpos foram enterrados no distrito de São Caetano do Navio, em Betânia. (Foto: Devyd Santos/ TV Asa Branca)

Filha de uma das vítimas chora em velório. (Foto: Devyd Santos/ TV Asa Branca) Da manhã à tarde desta quarta-feira (26), foram veladas e sepultadas os corpos das vítimas de um acidente com van ocorrido na segunda (24). Dois foram enterrados na sede de Betânia, e oito, no distrito de São Caetano do Navio, no mesmo município, situado no Sertão pernambucano. Antes, por duas horas, o velório coletivo foi realizado no São Caetano Social Clube e, em seguida, cada família levou o corpo do parente para velar nas respectivas casas.
 Filha de uma das vítimas chora em velório.
(Foto: Devyd Santos/ TV Asa Branca)
Dois dos dez corpos foram velados na zona rural de Betânia. No cemitério em São Caetano do Navio, houve celebração cristã em homenagem à vítimas. O agricultor Tales Roberto lamenta a perda do filho. "Era a primeira vez que ele iria trabalhar em Alagoas. Ele já havia trabalhado com o corte da cana em São Paulo, mas era a primeira viagem pra lá", diz.
Capotamento em Venturosa
Na noite da segunda-feira (24), uma van capotou na BR-424 em Venturosa, no Agreste. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros registraram dez mortes e informaram ao G1 que várias pessoas ficaram feridas. Elas foram encaminhadas a hospitais da região. De acordo com o inspetor José Pires, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), um dos pneus da van estourou e, em seguida, o motorista teria perdido o controle do veículo, caindo de uma ponte. Ainda segundo o inspetor, o motorista da van ficou ferido. Outras 12 pessoas sobreviveram.
Os trabalhadores saíram da comunidade às 18h da última segunda-feira (24) com destino a Coruripe, em Alagoas, onde iriam trabalhar. Os familiares lamentaram as perdas. "Foi meu cunhado, foi o marido de minha sobrinha, foi tudo. Tem que ter força pra controlar", desabafa a dona de casa Maria da Paz dos Santos. O agricultor José Pedro dos Santos não se conforma com o que ocorreu. "A gente ficou muito impressionado, porque perder um irmão e um sobrinho é triste, a dor é triste. A família toda revoltada, abalada e não tem o que fazer", diz.
José Pedro dos Santos, tio do motorista da van, disse que o veículo estava lotado (Foto: Luna Markman / G1)Análise do acidente pelo MTE
O capotamento é analisado pela Gerência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Caruaru, também no Agreste pernambucano. O objetivo é saber se o fato é um acidente de percurso ou se existem irregularidades trabalhistas. Em primeiro momento, observou que a van foi locada pelos passageiros. Também constatou que os trabalhadores envolvidos no acidente são contratados com carteira assinada. "Não houve recrutamento irregular. A empresa seguiu protocolo, preenchendo carteiras e contratando", explicou Francisco Reginaldo, auditor fiscal do trabalho.
De acordo com ele, o próximo passo é notificar a empresa que os registrou, a fim de que apresente documentos. O procedimento todo é feito quando acontecem acidentes com trabalhadores e, no geral, são ouvidas testemunhas e partes envolvidas. O relatório deve ser concluído entre dez e 15 dias.
Van estaria lotada
José Pedro, tio do motorista da van, disse que
veículo estava lotado. (Foto: Luna Markman / G1)
Em entrevista ao G1, José Pedro dos Santos, tio do motorista da van, informou que o veículo que o sobrinho dirigia estava lotado. "Teve gente que perdeu o ônibus [que os levaria para uma usina em Alagoas] e, para não perder o dia de trabalho, escolheu ir de van. Por isso que ela estava com mais passageiros que o normal. Ele costumava fazer esse trajeto duas vezes por semana", contou.
José Pedro também era irmão de Severino Pedro dos Santos, que morreu no acidente. A vítima era casada e deixou uma esposa, três filhas e um filho, que é justamente o motorista da van. "Ficamos sabendo do acidente porque uma das vans que fazia o mesmo percurso reconheceu o carro e ligou. Ontem [segunda], falamos muito antes dele sair. Meu sobrinho é viúvo, tem nem um ano que a mulher dele morreu. Ele me chamou para ir com ele, para passear, mas eu não quis ir. Acabei me livrando. Ele era novato nesse trabalho, tinha nem oito meses, mas já era motorista faz tempo", disse.
O G1 ainda conversou com Roberlândia Maria da Silva, 26 anos, esposa de Anacleto Antônio de Souza, 32, que também morreu no acidente. Ela lembrou que o marido tinha dito que aquela seria a última viagem dele à usina em Alagoas. "Ele reclamava que [ser trabalhador rural] era um serviço pesado e que a usina era muito longe. Ele disse que essa era a ultima vez que ia lá e acabou sendo mesmo", relatou. O casal tem três filhos, de 7, 9 e 11 anos. O primo de Roberlândia também ficou ferido do acidente.
Segundo a PRF, pneu da van teria estourado e motorista perdido controle do veículo. (Foto: Divulgação PRF/ Ismael Pereira)Pneu da van teria estourado e motorista perdido controle do veículo. (Foto: Divulgação PRF/ Ismael Pereira)
 

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