terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Os presidentes do Brasil



Em razão de um fato externo e singular, o Brasil assistiu nesta segunda-feira (09) a uma cena inédita e educativa. Lado a lado, a atual presidente da República e quatro de seus antecessores – vale dizer, todos os ex-mandatários vivos do País – perfilaram-se, sorridentes, para a lente do fotógrafo oficial Roberto Stuckert Filho. Um retrato de união, cordialidade e espírito público. Nunca houve um encontro como esse.

Estavam ao pé do avião presidencial, prontos para embarcar para os funerais do líder sul-africano Nelson Mandela, pela ordem, José Sarney (cujo mandato foi de 1985 a 1990), Lula (2003-2010), Dilma (2011-), Fernando Henrique (1995-2002) e Fernando Collor (1990-1992).
Lá dentro, na viagem para Johanesburgo, iniciada ao meio-dia, em Brasília, certamente eles puderam trocar ideias e experiências, atualizar informações e, com um pouco de sorte e boa vontade, podem ter, até mesmo, discutido o momento brasileiro, a economia, a política, as eleições de 2014... Afinal, são políticos com o importante cargo em comum.

Como antigos ocupantes do primeiro escalão do País, e estimulados pelo gesto de cortesia da presidente Dilma, pode-se apostar que as conversas tenham sido boas e que todos tenham, até mesmo, se entendido. Ao menos temporariamente, o que já seria um ganho para a Nação.

A experiência de outros países, onde as democracias são mais antigas e sólidas, mostra que a compreensão entre ex-presidentes chega a ser comum. Afinal, eles não são políticos como outros quaisquer. Eles são, isso sim, 'os caras', aqueles que galgaram todas as etapas da carreira política e, em razão das circunstâncias, tornaram-se o número 1 de seus respectivos momentos. Carregam, de per si, uma bagagem única de experiências, quer pela vivência em crises, quer pela navegação em tempos de prosperidade. Erros e acertos, tudo o que vêm deles é especial, seja pela carga de poder que enfeixaram ou pelos riscos que correram no exercício de seus mandatos.

No Brasil, até a cena inédita desta segunda-feira 9, tudo tem sido diferente. Ex-presidentes não largam a política partidária, disputam cargos eletivos e sempre se mostram prontos a voltar ao poder, algo inconcebível, apesar de não ser proibido, na democracia americana.

Após a reunião promovida por Dilma, por força da morte de Nelson Mandela, talvez algo comece a mudar na relação entre os ex-presidentes brasileiros. Eles podem, por exemplo, passar a nutrir mais respeito entre eles próprios, o que já seria um belo início para atos futuros em comum pelo bem do País. A conferir. 247
 

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